Aconteceu na tarde desse último sábado, 19/03/16, o Primeiro ato público a favor do turismo e contra a pesca ilegal e predatória do Tucunaré no município de Barcelos (401 km de Manaus). Foi realizado pela Associação Barcelense dos Operadores de Turismo (ABOT) em parceria com todos os principais segmentos beneficiados pela atividade de turismo de pesca esportiva em Barcelos e no médio rio negro.
O evento, considerado um sucesso por seus organizadores, teve a participação de todas as empresas de pesca esportiva que atuam no município de Barcelos, trabalhadores do turismo como guias de pesca, garçons, motoristas, práticos, cozinheiras, gerentes, ajudantes, carregadores, prestadores de serviços e segmentos importantes da economia local como comerciantes, distribuidoras de bebidas, agentes de viagem, associações dos taxistas e moto-taxistas, donos de bares, pizzarias, restaurantes, padarias, hortifrútis, posto de combustível e todos os apoiadores e parceiros do turismo em Barcelos.
Segundo o presidente da ABOT, Allen Gadelha, o objetivo principal desse evento, foi solicitar ações emergências dos poderes públicos estadual e municipal a respeito de pesca ilegal e predatória do tucunaré que hoje está enviando grandes quantidades mensais para São Gabriel da Cachoeira, Novo Airão, Manacapuru e principalmente Manaus, onde segue para grandes frigoríficos e restaurantes.
“Infelizmente, a ausência de fiscalização e de uma política pública para o turismo de pesca esportiva terá como consequências a perda de um mercado turísticos muito importante para Barcelos e para o Amazonas, além de desemprego e problemas sociais para o município. As enormes quantidades de tucunarés, peixes de couro e outras espécies que estão sendo pescada hoje sem controle e sem fiscalização, em breve levará também a um colapso no abastecimento da cidade de Barcelos e das comunidades, uma vez que essa pesca predatória não respeita nada. Hoje, todo o peixe de qualidade vai embora, Barcelos fica somente com as sobras. O tucunaré-açu que atrai tantos turistas para o município está alimentando a classe média alta de Manaus e do Sul do País, onde já é possível encontrar nosso peixe sendo vendido em feiras e supermercados. Enquanto ocorria o evento, três barcos geladores passavam na frente de Barcelos abarrotados de tucunarés com destino a Manaus. Um desrespeito sem precedentes ao decreto estadual N° 31.151 que proíbe a pesca comercial do tucunaré e aruanã no médio rio negro. “ Disse o presidente da ABOT Allen Gadelha.
Alguns empresários e profissionais do setor de turismo também manifestaram seu descontentamento com a situação atual. Um dos Piloteiros da empresa Angatu, conhecido com “Irmão”, disse que é um verdadeiro crime ambiental que estão fazendo na região, enquanto as empresas de turismo utilizam a prática sustentável e reconhecida do pesque-solte, os geladores estão levando tudo e está cada vez mais difícil pescar um bom exemplar de tucunaré.
O Presidente da ABOT frisou que a luta das empresas e seus colaboradores não é contra o pescador que pesca para abastecer o município e que possui um documento oficial onde a própria Colônia de Pescadores afirma a importância de preservar o tucunaré-açu uma vez que boa parte de seus associados são piloteiros que trabalham na atividade de turismo durante a temporada. Disse ainda que o que está faltando é vontade política de solucionar o problema.
Os organizadores afirmam que, IPAAM, IBAMA e POLICIA AMBIENTAL e principais autoridades do estado receberam mais de 400 denúncias de turistas e grupos de pesca esportiva de todo Brasil que frequentam Barcelos durante a temporada. Um dos líderes de um grupo de pesca esportiva de Minas Gerais chamado Luiz Antônio, afirmou “não nos importamos em pagar R$ 100 ou R$ 200,00 de taxa desde que haja fiscalização e possamos pescar alguns peixes grandes durante a semana”.
Ao final do evento, a ABOT lançou um abaixo-assinado onde solicita ao poder público a regulamentação de um projeto de lei que contemple:
1.a) Cota Zero para captura, transporte e comercialização do tucunaré-açu (cichlas temensis) por um prazo de 8 anos, a exceção da pesca de subsistência de famílias, pescadores e ribeirinhos com cotas e limites definidos;
2.b) Aplicação das penalidades e multas para os infratores;
3.c) Regulamentação de uma política pública para o turismo de pesca esportiva e que possa beneficiar as comunidades, pescadores, empresas de turismo e o município;
4.d) Criação de um plano gestor por temporada de pesca esportiva definindo deveres e obrigações as empresas e ao poder público;
5.e) Criação de uma taxa paga por turista no valor inicial de R$ 100,00 gerenciada por entidade idônea, com prestação de contas mensal através de uma comissão formada por todos os segmentos representativos desse projeto, direcionando através dessa comissão, os recursos arrecadados nos seguintes percentuais: 40% Desenvolvimento do turismo e fiscalização; 40% Comunidades impactadas pelo turismo e Pescadores; 20% Para os cofres do munícipio;
6.f) Instalação de dois flutuantes, um na boca do rio branco e outro na divisa entre Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro através dos recursos arrecadados com objetivo de prover a fiscalização necessária ao recurso pesqueiro;
7.g) Criação do programa do fiscal ambiental voluntário para treinamento de pessoas dentro das comunidades e do município (os fiscais voluntários poderiam ser remunerados);
8.h) Treinamento profissionalizante dos piloteiros e demais profissionais do turismo;
9.i) Compromisso de todas as empresas para manter seus empreendimentos cumprindo os aspectos legais definidos na regulamentação da política pública e do plano gestor.
Ao finalizar a Carreata, todos os colaboradores a ABOT informaram que esse será o primeiro de muitos! Se o município não demonstrar interesse em resolver o assunto e que irão continuar pedindo aos turistas, grupos de turistas e a todos os colaboradores que continuem denunciando a pesca predatória e pedindo auxilio dos órgãos ambientais do Amazonas e do Estado na definição de uma política para pesca esportiva no médio rio negro
Fonte: http://barcelosnanet.com/barcelos-promove-ato-publico-a-favor-do-turismo-e-contra-a-pesca-ilegal-e-predatoria-do-tucunare-no-municipio